Música e a Política
Por Gilberto Mauro
É bem possível que você acredite que a música e o fazer musical não tenham nenhuma relação com a atividade política, pois, como a música e sua experiência tão positiva, prazerosa, contagiante, cativante e sublime pode ter relação com a política (essa coisa negativa, chata, insossa e vil) que se materializa, a mais das vezes, na figura asquerosa de um político corrupto? Se você pensa assim, é bom estar certo de uma coisa: você está indo no caminho totalmente certo, mas esse caminho aí, é o caminho certo que leva ao equívoco – isso mesmo! Música e política são saberes culturais importantíssimos, tão antigos quanto a própria humanidade e que se relacionam profundamente. Mas, como pode ser assim? Bem… antes de mais nada, é necessário compreender a origem real destes dois campos.
Sabemos que a música é um dos conhecimentos culturais mais antigos da humanidade, já que o homem fez música antes mesmo de construir e organizar o padrão simbólico da língua falada, ou seja, o homem das cavernas praticou música antes mesmo de falar. Ao lado disso, em sua origem, a política foi a maneira pela qual os seres humanos desenvolveram a necessidade/habilidade de relacionar-se com os outros em prol da obtenção de resultados (pessoais e coletivos) desejados.
Mas onde estaria a relação entre esses dois campos? Por incrível que pareça, a resposta está sendo construída pelos estudos da neurociência. Estudos avançados nesse campo têm demonstrado que os grupos humanos pré-históricos, onde se verificou a maior propensão musical, demostraram melhores resultados de adaptação e sobrevivência em relação aos grupos humanos em que se verificou menor propensão musical. É possível e bem provável que a convergência entre estas duas habilidades, o fazer musical e a capacidade “política”, tenham vindo a determinar a sobrevivência dos grupos humanos que nos deram origem. Talvez esse seja o motivo pelo qual o filósofo grego, Aristóteles, afirmou que o homem era um animal político. Já o filósofo alemão, Nietzsche, disse que “a vida sem música seria um erro”.
Partindo destas perspectivas, o fato real é que quem faz e/ou ouve música está necessariamente experiênciando, reproduzindo comportamentos e atitudes que se referem a reflexos de uma forma de ser ou de enxergar mundo – ambos frutos de uma maneira de convivência que diz a respeito de uma concepção política. Pensando nessa questão, que tal você responder: qual é a música da sua política?