Ambiente, saúde e arte

Por Edson Silva

A evolução humana não interrompe sua marcha, é impossível detê-la. Conquistar novos espaços e saberes, avançar e transpor fronteiras é inexorável. É da natureza humana desvendar e decifrar o, até então, desconhecido. A arte é talvez a mais poderosa ferramenta com a qual as civilizações capacitaram-se para auxiliar nesta eterna busca. Mesmo sem objetivamente sabermos o para quê, avançamos. Todas as culturas, de todas as regiões do planeta, expressaram suas impressões sobre o que vivenciavam e, além disso, seus ideais, nas diversas formas de representação subjetiva.

Ser parte do ambiente é condição primeira de nós, humanos. Contudo, equivocadamente, a partir principalmente da implantação dos processos de produção em escala industrial, nos colocamos à parte, apesar deste passo não ter sido determinado conscientemente. Mas o fato é que não estamos fora do ambiente que nos envolve, somos parte dele. Nosso equívoco maior é tratarmos tudo a nossa volta excluídos de nós, como se, imunes aos efeitos provocados por nossas ações, pudéssemos gerenciar todas as demandas sem sermos afetados negativamente por muitas de nossas escolhas. Insistimos em vícios e comportamentos negativos que sabemos ser destrutivos. Todos os fenômenos naturais estão definitivamente ligados a nós.

A arte alicerça e, objetivamente, molda a formação do pensamento crítico. A música atinge, no campo subjetivo, áreas da cognição onde elaboramos grande parte da nossa percepção do mundo em volta e, principalmente, da nossa dinâmica de relação com o outro. Estas áreas são afetadas por estímulos neuropsíquicos contínuos, gerados a partir da elaboração de nosso pensamento. Nos identificamos naturalmente com nossos semelhantes.

Não por acaso, recentemente, os britânicos criaram uma pasta em nível governamental para cuidar da situação daqueles que vivem sozinhos, tendo em vista que esse número só aumenta. A depressão, naturalmente, começa a fazer parte da vida destas pessoas. E, mais uma vez, a música está presente e “atuante”. Comprovadamente, ela beneficia as atividades humanas em diversos campos, além de ser usada como “remédio” nas casas de repouso, em seus procedimentos terapêuticos. Seu uso em processos para auxiliar na recuperação de crianças e adolescentes vítimas de violências diversas é ferramenta eficaz, inclusive com a comprovação dos resultados positivos de sua utilização. O governo britânico incrementa a utilização da música em todos os processos que envolvam questões psicossociais, onde o poder público atua, indo ao ponto de promover a presença das pessoas em concertos musicais e eventos diversos envolvendo a música, estimulando a realização de atividades onde a música esteja presente.

Utilizar a música passou a ser ação de política pública. Esta é uma utilização objetiva da música e, consequentemente, dos profissionais ligados a ela para a transformação na qualidade de vida das pessoas. Música sim e sempre, a arte salva!

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