Nestes 10 últimos dias...

Geração que parte.

Gilberto Mauro

Nestes últimos 10 dias, perdemos 3 grandes nomes da música brasileira. Célio Balona, Ângela Ro Ro e o ícone Hermeto Pascoal, um dos 10 maiores músicos atuais do mundo, maior símbolo da criatividade musical brasileira. Estes músicos que se vão, fazem parte desta geração fantástica que marcou por décadas a música Brasileira como a mais bem elaborada do mundo e a mais diversificada. E agora estamos vendo-a partir para o Olimpo de vez. Normal. Mas nem tão normal assim...
Celio Balona e Hermeto partem, pode-se dizer com missão cumprida e de morte natural, deixando saudade, celebração, homenagens aos octogenários. Porém, Angela Roro, a compositora, cantora e pianista, parte deixando amargo sabor na boca e sensação de soco no estômago. Ângela Maria Diniz Gonsalves, “Angela Ro ro”, poderia ter vivido pelo menos mais 10 anos e bem. Aos 75 anos, sofreu em uma UTI. Padeceu anos sem um apoio mínimo ao artista, que sofre uma torrente precarizada do trabalho por todos os lados.
A morte de Ângela expõe com dureza uma ferida que atravessa gerações: a precariedade do músico e compositor brasileiro. Para além da precarização, hostilização, exploração do trabalhador e autônomo no Brasil, o artista e músico vive em uma espécie de máquina de pressão e de moer por toda sua existência. Entre altos e baixos da carreira, o criador fica quase sempre entregue à própria sorte, desamparado em momentos de fragilidade. É como se a sociedade absorvesse sua obra, mas não reconhecesse plenamente a pessoa que a sustenta.
Que a música brasileira, a mais brilhante expressão deste povo, seja ouvida, celebrada e sempre lembrada por seu próprio povo.

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